quarta-feira, 16 de junho de 2010

Um pouco da Historia da Dança Contemporanêa Portuguesa (...)


O 25 de Abril de 1974 veio encontrar a dança contemporânea portuguesa num estágio de desenvolvimento bastante incipiente. A única estrutura de dança consolidada era o Grupo Gulbenkian de Bailado (Ballet Gulbenkian), sob a direcção do jugoslavo Miko Sparenbeck. Após o período revolucionário que se seguiu ao 25 de Abril, o Ballet Gulbenkian procura uma nova orientação artística. Nesse sentido a Fundação Calouste Gulbenkian convida Jorge Salavisa em 1977 para dirigir a companhia. Também em 1977 nasce a Companhia Nacional de Bailado dirigida por Armando Jorge.

A CNB, mais vocacionada para a ballet clássico, viu-se obrigada a contratar bailarinos estrangeiros, sintoma da falta de formação e da qualidade técnica dos bailarinos nacionais. A CNB evoluía entre um reportório clássico e moderno.

Na década de 80 muitos coreógrafos partem para a Europa e Estados Unidos, objectivando o desenvolvimento da formação, a aprendizagem de novas técnicas e contacto com novas estéticas. Em Portugal um grupo de bailarinos e coreógrafos experimentam linguagens autónomas novas, num movimente ao princípio discreto de que fizeram parte Elisa Worm, Paula Massano, e Madalena Victorino, mas que adquiriu repercussão nos anos seguintes.

Os anos 80 assistiriam ainda a um acontecimento de relevância na dança contemporânea, especialmente na prespectiva da formação de público.

Em 1985 Madalena Perdigão cria o serviço ACARTE que em 1987 inicia os encontros ACARTE por onde passam grandes nomes da dança internacional.

Nos anos 90 deu-se a explosão da nova dança, após um período formativo na década antecedente. Nestes anos regressaram os bailarinos e coreógrafos "estrangeirados" que tinham ido lá aprender novos processos de produzir dança.

Com os novos saberes adquiridos, trouxeram a reflexão crítica, a discussão e debate, enfim, uma nova cultura coreográfica, mais transversal e interdisciplinar. Vários eventos assinalam o novo ciclo da dança contemporânea portuguesa como a Europália 91, uma mostra internacional dedicada a Portugal, onde alguns dos novos valores representaram Portugal, lançado assim a nova geração que mais tarde, na Lisboa 94 Capital Europeia da Cultura, se viria a confirmar.

Ainda na década de 90 instituíram-se medidas que consolidaram o movimento: o estatuto do bailarino e do coreógrafo, o enquadramento legislativo da actividade, a atribuição de subsídios e apoios para a criação no âmbito da dança e a construção de equipamentos culturais que apoiaram a dança contemporânea: Fundação de Serralves, Culturgest e o CCB.

Contudo, muitos problemas persistiram, a ponto de comprometerem o movimento de renovação da dança contemporânea. Não se criaram estruturas de produção continuada e de distribuição nacional e internacional, e fez-se sentir a ausência de uma política para a dança desde 2001.
Mesmo assim vão aparecendo novas entidades, como a REDE - Associação de Estruturas para a Dança Contemporânea, que congrega mas de 20 companhias de dança, visando a reorganização dos agentes da dança para fazerem face às vissicitudes, entre elas a falta de diálogo com o Estado.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Muito conciso este artigo, gostaria apenas, se me permite, de chamar a atenção para o nome que está incorrectamente escrito. O director do Grupo Gulbenkian de Bailado chamava-se Milko Sparemblek e ele realmente abriu caminho para o terreno da então chamada dança contemporânea. A sua exoneração deveu-se a motivos políticos que agitavam esta época revolucionária que foi o 25 de Abril e não a falta de competência para o lugar que ocupava. Afinal ele havia sido colaborador de Béjart durante anos...

    Fui membro fundador de um dos grupos autónomos que menciona!
    um abraço
    Helena

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